terça-feira, 20 de outubro de 2015

O Preconceito de Gênero na Dança

 
Crédito: King Douglas
 A dança é uma forma de expressão artística, cultural, corporal e, por ter seu instrumento principal o corpo, acaba sendo ligada ás questões de gênero. Muitos bailarinos, ao longo de suas carreiras, sofrem algum tipo de preconceito ligado à essa questão. Bray William Motta, bailarino do grupo de hip hop Young Crew, de Canoas, diz já ter sofrido preconceito:"foi na brincadeira, mas mesmo assim me ofendi. Disseram que dança é coisa de menina".
 Giuliano Andreoli (2010) afirma que a generificação da dança está mais fortemente relacionada às que exigem mais delicadeza, aquelas que estão estreitamente ligadas ao balé como, por exemplo, a dança moderna, contemporânea e o jazz. Andreoli também menciona um estudo etnográfico realizado no Rio Grande do Sul, em 2008, que foi observado que embora seja aceito que o homem dance hip hop, ele deve fazê-lo realizando movimentos considerados "verdadeiramente" masculinos, como: força, coragem e destreza. Desta forma, é esperado que as músicas, as roupas e as coreografias reflitam estes atributos.
 "Jhow" (Jorge) Silveira, coreógrafo e bailarino do grupo Young Crew, diz também já ter sofrido preconceito por dançar e ensinar dança tanto a homens quanto a mulheres: "sofri sim, mas assim como todo bom profissional reagi de forma natural, pois acredito no que faço e me orgulho do meu trabalho. A dança é uma arte que se expressa através do corpo, não deve ser rotulada. Dançar deveria ser um hábito, deveria ser ensinada de forma mais natural, sem espantos. Através dela formaríamos pessoas melhores". Além disso, ele cita o caso  de uma bailarina que tem as pernas imobilizadas por uma doença e frequenta aulas de balé, jazz e street dance: "ela sente prazer em dançar somente da cintura pra cima sentada numa cadeira de rodas e com muito orgulho do que faz. Eu, menino saudável, não tenho o direito de me esconder ou ter vergonha do que faço."
 A dança é muito mais do que os estereótipos e os preconceitos de gênero. Ela vai muito além, trazendo liberdade ao bailarino para representar o que ele é e o que sente. Portanto, permitir, culturalmente, que os homens dancem apenas para celebrar atributos de sua masculinidade, não cabe a uma arte que promove o autoconhecimento e incontáveis benefícios para o corpo e a mente. Homens e mulheres devem ser livres para se expressarem da maneira que melhor lhes convém, não permitindo que o machismo e o preconceito ditem os padrões.


Fonte:

ANDREOLI, Giuliano Souza. Conjectura, v. 15, n. 1, jan/abr. 2010. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/viewFile/186/177>. Acesso em 20 de outubro de 2015.

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